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domingo, 16 de agosto de 2009

Harmonização #12 - Baden Baden 1999 (Cervejaria Baden Baden) com "Krig-Ha, Bandolo" (Raul Seixas)

Amigos, todos nós já tivemos nosso momento musical “Raulzito” ou ouvimos inúmeras vezes “Toca Raul” em alguma festa, show ou esquenta na casa de amigos. Mesmo muitas vezes gritado de forma irônica, é uma homenagem a um dos maiores roqueiro que o Brasil já teve. Como na próxima sexta-feira (21 de agosto) serão completados 20 anos sem Raul Seixas, o blog aproveita a data para dedicar a ele esta dica de harmonização da semana.

Raul Santos Seixas faleceu aos 44 anos, vítima de parada cardíaca. Seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante. O disco escolhido é o “Krig-Ha, Bandolo”, primeiro álbum solo do músico brasileiro.

A cerveja escolhida é a Baden Baden 1999, lançada em 2004/2005 para celebrar os 5 anos da própria cervejaria. Ela tem o estilo “Bitter Ale” com sabor pouco amargo e aroma frutado marcantes. Produzida a partir de maltes e lúpulos selecionados, esta cerveja utiliza um processo lento e cuidadoso de maturação que garante todo o seu sabor.

O disco começa com uma interpretação de Raul Seixas aos 9 anos de idade, cantando "Good Rockin' Tonight". A primeira música do disco é o sucesso “Mosca Na Sopa”. Musicalmente ele perturba nosso sono, com o som de batucadas, berimbau e palmas, indo destes até o mais puro Rock ‘n Roll. A cerveja possui bela coloração âmbar e espuma bege de boa formação, cremosidade e duração. O aroma é satisfatório e evidencia a presença do lúpulo.

Outro grande sucesso é “Metamorfose Ambulante”, onde Raul mostra diferentes faces e define a consciência humana. O paladar da “1999” é ótimo, com amargor agradável e leve carbonatação, percebendo-se algumas notas marcantes de cevada.



“Dentadura Postiça” fala sobre o nosso livre arbítrio com belas vozes numa espécie de coral, enquanto “As Minas do Rei Salomão”, com seu tom folk rock, pensa a relatividade da importância dos fatos e dos objetos. Nosso contato com a cerveja apresenta forte, porém interessante amargor no aftertaste, sensação metálica que perdura por um longo tempo, como todas e quaisquer bitter ales de respeito.

Violão e clima espacial abrem e percorrem “A Hora Do Trem Passar”, música lírica, mais acústica, com uma letra romântica. Porque não esperarmos e admirarmos a solidão do amanhecer, junto à ruiva companheira que possui ótimo equilíbrio entre o lúpulo, malte tostado e caramelo?

“Al Capone” traz o mais puro “rock and roll”. Nele encontramos Jimi Hendrix, Frank Sinatra, Júlio César, Al Capone, Lampião e até Jesus Cristo e a intrigante frase de Bob Dylan: “Não existe sucesso como o fracasso e o fracasso não é sucesso algum”.

“How Could I Know”, uma das mais belas músicas de Raul em minha opinião (apesar de meio piegas), seria uma canção para Elvis Presley. Momento perfeito para mais uma taça, onde podemos observar novamente as características visuais e olfativas da cerveja. Belíssima cor com aroma frutado ao fundo.

“Rockixe” apresenta a mediocridade e o ridículo do “way of life” comandado pela indústria capitalista. Mais uma vez a mistura de ritmos, o baixo, a bateria e os metais aparecem com grande força, dando à música um toque especial. O amargor se mostra bem definido, além da presença do álcool, que proporciona um adocicado que fez bem no conjunto.

“Ouro de Tolo” encerra de forma sensacional este histórico disco. A música é um tapa na cara dos valores do ser mediano, mostrando toda a mediocridade do ser humano. Uma grande e sincera conversa ao pé de ouvido, com final tão interessante e marcante quanto a Baden Baden 1999.



Aproveite esta dica, valorize a música nacional e boa diversão!!!

Dicas e curiosidades:

* Prefira as taças de boca mais larga a fim de que o aroma se desprenda mais facilmente durante a degustação. Cuide também da temperatura. Deguste esta cerveja com temperatura do líquido entre 5 e 7 °C;

* A cerveja inglesa Spitfire, também uma Bitter ale, foi a inspiração para o desenvolvimento da cerveja brasileira.

* A cerveja Baden Baden 1999 em sua versão garrafa 600 ml custa aproximadamente R$ 10;

* Até o dia 23/08 em SP, na compra de duas BADEN BADEN, o consumidor ganha uma luva gourmet. Outra opção é adquirir três BADEN BADEN para ganhar um balde de gelo customizado. Em 60 estabelecimentos acontece também a degustação com harmonização das cervejas.

* O CD é encontrado na internet por aproximadamente R$ 25;

* Raul foi ao Rio de Janeiro gravar seu primeiro disco ("Raulzito e os Panteras") em 1967, devido convite do amigo Jerry Adriani.

* Krig-Ha, Bandolo se refere a um grito de guerra de Tarzan que significa "Cuidado, aí vem o inimigo".

* Seu último disco, feito em parceria com Marcelo Nova (intitulado A Panela do Diabo) foi lançado um dia após sua morte.

domingo, 12 de julho de 2009

Harmonização #7 - Baden Baden Golden (Cervejaria Baden Baden) com "Sonantes" (Sonantes)

Pessoal, neste fim de semana resolvi mais uma vez homenagear o Brasil, “o país dos feriados”. Como não trabalhei desde quinta-feira, procurei uma combinação que pudesse ser leve, relaxante, de certa forma diferente e ao mesmo tempo bastante prazerosa. Acredito que o objetivo tenha sido alcançado.

A cerveja selecionada vem de Campos de Jordão (SP). É a "Baden Baden Golden", uma cerveja do tipo Ale, diferenciada, encorpada e tem sabor levemente adocicado. Seu aroma frutado lembra especiarias, sendo muito apreciada por sua combinação exótica de trigo e canela.

O título do disco escolhido, que também se refere ao nome da banda, significa literalmente “aquele que produz som”, ou de uma forma figurada, “aquele que sente um som”. “Sonantes” é fruto de um projeto, ou melhor, de uma “convergência musical” segundo alguns críticos, que reúne a cantora Céu, Gui Amabis (compositor e produtor de background cinematográfico), Rica Amabis (trabalha com trilhas sonoras) e a dupla Pupillo e Dengue, a famosa cozinha da Nação Zumbi.

A primeira música é uma versão de "Carimbó" da banda Nação Zumbi, que se mostra ainda bastante presente, apesar do novo arranjo instrumental desta canção. Salta aos olhos a sensual e marcante voz de Céu, que nos acompanhará ao longo de quase todo o disco. Duas características também chamam muita atenção na taça de cerveja: a bela formação da espuma (muito bem apelidada de “creme”) e a atraente cor dourada que dá nome à cerveja.




“Miopia” é triste e ao mesmo tempo nos envolve em sua psicodelia. A voz e a guitarra nos levam a algumas reflexões ao longo da música. Após o primeiro contato com o líquido, alguns pensamentos também surgem em relação à cerveja, buscando entender como colocaram especiarias e frutas no produto de uma forma tão leve e agradável.

A música “Toque De Coito” dá uma visão mais contemporânea aos boleros e às noites boêmias, utilizando para tanto um clima bem sombrio. Ótimo momento para mais numerosos e frequentes encontros com a diferenciada parceira.

A instrumental “Mambobit” traz o caribe ao Brasil, adicionando MPB, música latina e ritmos regionais. Esta mistura musical também inspira as combinações contraditórias da cerveja. Sabor leve, mas presente. Tipo Ale, sendo assim de alta fermentação, mas de baixo teor alcoólico (4,5% vol. alc.). Possui malte de trigo sem ser uma tradicional “Weissbier” (cerveja de trigo)... Hora de completar a taça mais uma vez e mergulhar nestas excentricidades.

“Defenestrando” é a minha preferida. Penso que Céu deve sempre cantar esta música sorrindo, se divertindo muito com a companhia intensa da guitarra e da bateria. Pelo menos, é esta impressão que sua carismática voz passa. Procuro sorrir no mesmo ritmo, ao lado dos Sonantes e da "Baden Baden Golden".




“Quilombo te Espera” é a mais bonita da lista. Lembra os grandes sucessos da Clara Nunes, numa mistura de ritmos afro, reggae, samba, de um acabamento psicodélico e toques jazzísticos e eletrônicos. Aproveite esta música para aguçar os “sentidos”. Com a “visão” observe mais uma vez a bela união entre “creme” e líquido. Cada um em seu espaço espera ansiosamente o gole para o rápido encontro. O “olfato” é responsável por absorver o delicioso aroma de especiarias e frutas. Já a “audição” traz os batuques, a guitarra e a doce voz de Céu...




Para finalizar a tríade de belos sons seguidos, “Itapeva” chama atenção pelos arranjos de cordas e a composição das vozes. Momento este, de valorizar o “paladar”. Ele ressalta o sabor bem suave da cerveja, com o doce, o azedo e o amargo na medida certa, seguindo basicamente o aroma. O gosto residual se mantém agradável e duradouro.

Enquanto “Braz” reforça a beleza e leveza da voz de Céu, “Frevo da Saudade” finaliza o disco com uma roupagem bem moderna à tradicional música da metade do século passado. Suaves batidas eletrônicas fazem deste antigo sucesso, um hino que traduz a “convergência musical” e que ratifica a sonoridade dos “Sonantes”. Acompanhada da cerveja "Baden Baden Golden", é um casamento perfeito!

Aprecie esta união bem acompanhado e ótimo divertimento!!!

Dicas e curiosidades:

* Prefira as taças de boca mais larga a fim de que o aroma se desprenda mais facilmente durante a degustação. Cuide também da temperatura. Deguste esta cerveja com temperatura do líquido entre 4 e 7 °C;

* A cerveja "Baden Baden Golden" em sua versão de 600 ml custa aproximadamente R$ 10;

* Apesar de nacional, o álbum “Sonantes” foi lançado inicialmente nos EUA. Talvez, por isso, esteja disponível pela internet apenas a versão importada do disco, por aproximadamente R$ 60;

* Além dos integrantes “oficiais”, Jorge Du Peixe, Siba, Lúcio Maia, Beto Villares, Daniel Bozio, Toca Ogan, Fernando Catatau, Gustavo Da Lua, Pepe Cisneros, Sergio Machado, B-Negão e Apollo 9 também contribuíram com performances e, em alguns casos, com composições;

* O grupo “Sonantes” é na verdade o mesmo do projeto “3 Na Massa”, que no álbum “Na Confraria das Sedutoras“ fez um rodízio entre várias intérpretes femininas (entre elas Céu) e agora possui uma vocalista fixa.

domingo, 14 de junho de 2009

Harmonização #3 - Eisenbahn Pilsen Natural (Eisenbahn) com "Estudando o Samba" (Tom Zé)

Amigos, neste feriado resolvi falar do Brasil. A cerveja sugerida é a Eisenbahn Pilsen Natural, que segue um caminho único frente às cervejas pilsen (paixão nacional), pois é a primeira orgânica do Brasil (feita com ingredientes sem agrotóxicos e fertilizantes sintéticos). Lançada em maio de 2004, possui a certificação IBD - Instituto Biodinâmico, que fiscaliza a comercialização de produtos orgânicos nacionais, de acordo com normas internacionais.

Já o artista é o cantor, compositor, arranjador e ator Tom Zé, uma das figuras mais originais e controversas da MPB. Após fazer parte do grupo que em 1968 lançou o disco "Tropicália ou Panis et Circensis", Tom Zé conseguiu o primeiro lugar no Festival da Canção do mesmo ano com a música "São, São Paulo, Meu Amor". Seus discos seguintes foram considerados inovadores demais, o afastando da mídia brasileira. No fim da década de 80, o músico David Byrne redescobriu num sebo o disco "Estudando o Samba", levando o compositor para o mercado internacional com grande sucesso. Este disco de 1976 é a sugestão para a harmonização da semana.

“Estudando o Samba” interpreta o ritmo brasileiro de um jeito bastante original e usando experimentações muito avançadas para a época. “Mã”, a primeira faixa, traz à tona a cantiga de roda, que será bastante abordada ao longo do disco. A Eisenbahn Natural, no primeiro gole, mostra sua maior virtude: o suave sabor, associado ao aroma e ao residual (gosto que permanece na boca), característicos da cevada.

Mesmo no momento mais “tradicional” do disco, Tom Zé entrega novos compassos à canção “A Felicidade” de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. No final da música, o batuque do samba nos presenteia com um belo swing, enquanto a cerveja nos remete mais uma vez a sua leveza.

Na instrumental “Toc”, o artista dá uma amostra do que ocorrerá no restante do disco: experimenta o samba, direcionando o retorno ao mesmo, por um caminho ligeiramente mais complexo. A cor da cerveja se mostra um pouco mais dourada que as demais pilsen. Experimente de novo...

“Tô”, uma das mais conhecidas músicas deste álbum, possui uma letra irreverente, cheia de contradições. O lúpulo da Eisenbahn se mostra no amargor da mesma, levemente presente e bem combinado aos demais ingredientes.



“Vai (Menina Amanhã de Manhã)”, “Ui! (Você inventa)” e “Dói” são músicas que elevam o disco a um brilhante patamar. As brincadeiras com as letras, os jogos com as palavras, a ambiguidade das frases (mais uma vez contraditórias) tornam este um forte momento do trabalho do cantor. As cantigas de roda aparecem novamente e a diversão parece não se acabar. Coloque a cerveja novamente no copo e avalie a formação da espuma. Branca e consistente, ela possui boa duração e nos convida a mais um brinde.

A canção “Hein” é divertida, simples e nos remete a várias situações nas quais nos fazemos de desentendidos. O disco está quase no fim. A cerveja também... hein?



Então, aproveite esta interessante combinação brasileira e... bom divertimento!

Dicas e curiosidades:
* A recomendação da fabricante é degustar a cerveja entre 2 e 4 °C.

* O Brasil é um dos países onde mais cresce a produção orgânica no mundo (30 a 50% ao ano).

*A cerveja Eisenbahn Pilsen Natural, encontrada na garrafa de 355 ml, custa aproximadamente R$ 3,89 nos supermercados.

*O álbum “Estudando o Samba” foi lançado na série dupla “Clássicos da MPB - Série Dois Momentos”, junto com o disco “Correio da Estação do Brás”.

* Você acredita que Tom Zé, incerto da aceitação por parte do público, teria cogitado não lançar o disco? Foi o que afirmou Elton Medeiros, sambista e compositor de algumas canções deste CD.


* “Estudando o Samba” ficou em 35º lugar no ranking dos 100 melhores discos da música brasileira (eleição realizada pela revista Rolling Stone Brasil em Outubro de 2007).