domingo, 20 de setembro de 2009

Harmonização #16 - Eisenbahn Weizenbock (Eisenbahn) com "Tim Maia Racional, Vol. 2" (Tim Maia)

Pessoal, depois de uma semana de folga devido mudança de cidade, resolvi sugerir um dos melhores discos nacionais que já conheci. Uma mistura de funk e soul de primeira qualidade, interpretado por uma das maiores vozes que o Brasil já teve. “Tim Maia Racional, Vol. 2”, de Sebastião Rodrigues Maia, o nosso “Tim Maia”.

No final de 1974 ele mergulhou fundo nos ensinamentos da seita “Universo em Desencanto”, liderada por “Manuel Jacinto Coelho” (segundo um site que consultei era uma espécie de Edir Macedo da ufologia). Neste blog, a pregação idealizada à época será deixada de lado, a fim de ressaltar o poder da “Black Music” e a qualidade deste inesquecível disco.

Para acompanhar o álbum escolhi uma cerveja escura, diferente, forte e interessante como o som do Tim. A “Eisenbahn Weizenbock” é uma cerveja de trigo de alta fermentação do tipo Ale. Ela é feita com seis tipos de malte, possui coloração avermelhada escura, baixo amargor e teor alcoólico respeitável de 8%.

“Quer queira quer não queira” inicia o disco num swing sensacional. Percussão, teclado, bateria, metais e voz fazem um conjunto uniforme. A “Eisenbahn Weizenbock” também. Ela possui agradável aroma pronunciado de trigo, cravo e banana, bela coloração escura e avermelhada, além de um creme bege, encorpado e consistente de ótima duração.

A segunda música, “Paz Interior“, já é mais tradicional, com um pé no “Samba” e outro na “Black Music”. A cerveja é um pouco frutada e adocicada, mas alinhada ao seu corpo latente não prejudica o conjunto. Pelo contrário, suas notas de malte tostado e café, sua consistência cremosa e aveludada e a carbonatação sob medida, sugerem a necessidade de mais um saboroso contato.

Na faixa “O caminho do Bem”, baixo e guitarra dão o tom da música. A voz de Tim está bem próxima, grave e até confessional. Assim também é a “Weizenbock”, que aos poucos penetra nas papilas gustativas e se torna presente na percepção do cativante e ligeiramente doce sabor residual.



Em “Energia Racional”, através de sua bela e empostada voz, ”Tim Maia” utiliza seu poder de persuasão. Já em “Que legal” a música latina toma conta da situação. Mais uma vez a percussão surge exaltante e mantém todo o balanço da música. O que chama atenção na cerveja é que todas as características se tornam presentes, sem sobreposições. Conseguimos perceber todas as nuances, sem que o resultado seja exagerado. Assim como a música do mestre Tim.

“Guiné Bissau, Moçambique e Angola Racional” surge com uma levada simples, mas encantadora. Metais, percussão, guitarra e baixo dão suporte à voz potente de “Tim Maia”. A “Eisenbahn Weizenbock” é uma ótima opção de cervejas de trigo para quem quer mais corpo e malte, mantendo ao mesmo tempo as principais características de uma “Weissbier”.

“Imunização Racional (Que beleza)" encerra o disco como um hino do “Universo em Desencanto“. Mais do que isso, é o tema de uma das maiores preciosidades musicais do Brasil. Divirtam-se e boa degustação!!!



Dicas e curiosidades:

* A recomendação da fabricante é degustar a cerveja numa temperatura entre 5 e 7 °C. Temperaturas muito baixas desfavorecem a percepção de sabores, prejudicam a formação de espuma e ocultam eventuais defeitos de uma cerveja, como a oxidação e traços químicos;

* O ideal é ter um copo que receba todo líquido, devido presença do fermento que fica depositado no fundo da garrafa. Para aproveitar esta levedura, basta ao término da garrafa deixar um pouco no líquido na mesma, agitá-la e servir;

* A “Eisenbahn Weizenbock” ganhou medalha de bronze em uma das principais competições cervejeiras do mundo, a “European Beer Star” na categoria “South-German-Style Weizenbock Dunkel”, em 2007;

* A cerveja, encontrada na garrafa de 355 ml, custa aproximadamente R$ 3,50 nos supermercados;

* A gravadora “Trama” Lançou o volume 1 em CD, custando aproximadamente R$ 25. Não encontrei o volume 2 disponibilizado para venda. Ele está disponível para download na Web;

* Os dois discos (“Tim Maia Racional, volumes 1 e 2”) foram considerados pioneiros na distribuição independente. Eles foram lançados pelo selo “Seroma”, anagrama de "amores" (ao contrário) e abreviação do nome de batismo do músico;

* Na época, os shows de Tim Maia eram feitos a título da "divulgação da Cultura Racional", sendo acompanhados quase que exclusivamente por seguidores do Universo em Desencanto;

* Devido à ideologia da seita, Tim teve de se livrar de todos os bens materiais de seu apartamento. Além disso, convenceu sua banda a entrar para a seita e pintou todos os instrumentos de branco.

* Desiludido com os rumos da filosofia em questão (percebeu que o “mestre espiritual” Manuel não correspondeu ao ideal de um mestre e que não iria encontrar seres de outros planetas), Tim Maia tirou de circulação os álbuns. Atualmente ambos são itens de colecionador, muito difíceis de serem encontrados;

* Estão circulando na Web cinco músicas inéditas, conhecidas por “Tim Maia Racional Volume 3”. Vale a pena conhecer!!!