domingo, 14 de junho de 2009

Harmonização #3 - Eisenbahn Pilsen Natural (Eisenbahn) com "Estudando o Samba" (Tom Zé)

Amigos, neste feriado resolvi falar do Brasil. A cerveja sugerida é a Eisenbahn Pilsen Natural, que segue um caminho único frente às cervejas pilsen (paixão nacional), pois é a primeira orgânica do Brasil (feita com ingredientes sem agrotóxicos e fertilizantes sintéticos). Lançada em maio de 2004, possui a certificação IBD - Instituto Biodinâmico, que fiscaliza a comercialização de produtos orgânicos nacionais, de acordo com normas internacionais.

Já o artista é o cantor, compositor, arranjador e ator Tom Zé, uma das figuras mais originais e controversas da MPB. Após fazer parte do grupo que em 1968 lançou o disco "Tropicália ou Panis et Circensis", Tom Zé conseguiu o primeiro lugar no Festival da Canção do mesmo ano com a música "São, São Paulo, Meu Amor". Seus discos seguintes foram considerados inovadores demais, o afastando da mídia brasileira. No fim da década de 80, o músico David Byrne redescobriu num sebo o disco "Estudando o Samba", levando o compositor para o mercado internacional com grande sucesso. Este disco de 1976 é a sugestão para a harmonização da semana.

“Estudando o Samba” interpreta o ritmo brasileiro de um jeito bastante original e usando experimentações muito avançadas para a época. “Mã”, a primeira faixa, traz à tona a cantiga de roda, que será bastante abordada ao longo do disco. A Eisenbahn Natural, no primeiro gole, mostra sua maior virtude: o suave sabor, associado ao aroma e ao residual (gosto que permanece na boca), característicos da cevada.

Mesmo no momento mais “tradicional” do disco, Tom Zé entrega novos compassos à canção “A Felicidade” de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. No final da música, o batuque do samba nos presenteia com um belo swing, enquanto a cerveja nos remete mais uma vez a sua leveza.

Na instrumental “Toc”, o artista dá uma amostra do que ocorrerá no restante do disco: experimenta o samba, direcionando o retorno ao mesmo, por um caminho ligeiramente mais complexo. A cor da cerveja se mostra um pouco mais dourada que as demais pilsen. Experimente de novo...

“Tô”, uma das mais conhecidas músicas deste álbum, possui uma letra irreverente, cheia de contradições. O lúpulo da Eisenbahn se mostra no amargor da mesma, levemente presente e bem combinado aos demais ingredientes.



“Vai (Menina Amanhã de Manhã)”, “Ui! (Você inventa)” e “Dói” são músicas que elevam o disco a um brilhante patamar. As brincadeiras com as letras, os jogos com as palavras, a ambiguidade das frases (mais uma vez contraditórias) tornam este um forte momento do trabalho do cantor. As cantigas de roda aparecem novamente e a diversão parece não se acabar. Coloque a cerveja novamente no copo e avalie a formação da espuma. Branca e consistente, ela possui boa duração e nos convida a mais um brinde.

A canção “Hein” é divertida, simples e nos remete a várias situações nas quais nos fazemos de desentendidos. O disco está quase no fim. A cerveja também... hein?



Então, aproveite esta interessante combinação brasileira e... bom divertimento!

Dicas e curiosidades:
* A recomendação da fabricante é degustar a cerveja entre 2 e 4 °C.

* O Brasil é um dos países onde mais cresce a produção orgânica no mundo (30 a 50% ao ano).

*A cerveja Eisenbahn Pilsen Natural, encontrada na garrafa de 355 ml, custa aproximadamente R$ 3,89 nos supermercados.

*O álbum “Estudando o Samba” foi lançado na série dupla “Clássicos da MPB - Série Dois Momentos”, junto com o disco “Correio da Estação do Brás”.

* Você acredita que Tom Zé, incerto da aceitação por parte do público, teria cogitado não lançar o disco? Foi o que afirmou Elton Medeiros, sambista e compositor de algumas canções deste CD.


* “Estudando o Samba” ficou em 35º lugar no ranking dos 100 melhores discos da música brasileira (eleição realizada pela revista Rolling Stone Brasil em Outubro de 2007).